domingo, 25 de agosto de 2013

Mãe se veste de Morte





Mãe se veste de ‘morte’
Professora quer que o filho, diagnosticado com leucemia, seja internado e passe por quimioterapia no Hospital do Câncer. Ângela diz que dá atenção em tempo integral ao garoto e que não tem medo de nada e nem de ninguém
O que uma mãe, em desespero, é capaz de fazer em busca de assistência médica-hospitalar para o filho? Tudo! Nesta quarta-feira, a professora Ângela Avelina Furtado, 44 anos, se travestiu de morte, com roupa preta, máscara de caveira e corrente amarrada na cintura, e foi para a porta do Hospital de Câncer, em Cuiabá. A atitude foi para denunciar a recusa da internação do filho, Andrey Furtado Pescador, de 15 anos, portador de leucemia, e o caos no sistema de saúde de Mato Grosso. O adolescente deveria ter sido recebido na unidade hospitalar na terça-feira, conforme agendameto prévio, para fazer quimioterapia, o que não aconteceu, segundo ela, por falta de enfermeiros para dar suporte ao atendimento. Ângela Furtado também fixou ao seu corpo diversos cartazes com críticas aos gestores da saúde pública, Promotoria da Infância e Juventude e Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso (Sindessmat), numa referência à greve dos enfermeiros, que se estendeu por duas semanas e encerrou-se ontem.
Além do manifesto, Ângela ingressou com ação na Justiça, pedindo que a internação fosse determinada por meio de liminar, que até ontem não havia sido julgada. Disposta a fazer greve de fome até que o filho fosse internado, a professora contou que Andrey teve diagnóstico de leucemia há oito meses. Desde então, a professora dedica-se em tempo integral ao tratamento do garoto.
A principal preocupação dela, diz, é com a o risco de agravamento da doença, o que poderia levar à necessidade de transplante de medula e até a morte. Andrey, explica ela, tem Leucemia Linfoblástica Aguda(LLA), um dano genético adquirido (não herdado) no DNA de um grupo de células (glóbulos brancos) na medula óssea.
“Para o sistema de saúde, meu filho é apenas mais um número, um prontuário, mas pra mim ele é minha vida, tudo o que tenho e defendo”, diz. E pela saúde do filho único, Ângela diz que não tem medo de nada e de ninguém.
O protesto dela começou pelas redes sociais, no faceboock, onde pediu socorro e responsabilizou o governo do Estado pela precariedade dos serviços de saúde. Se declarando a favor da greve dos enfermeiros, porém contra a ganância dos hospitais, ele escreveu que “falta respeito das pessoas que administram o setor da saúde”. Em poucos minutos, o manifesto dela recebeu o apoio de centenas de internautas. Esse não é o primeiro manifesto dela, que já fez abaixo-assinado em defesa da instalação de UTI pediátrica no Hospital de Câncer e de plantão pediátrico na urgência da mesma unidade.Ângela deixou o HC com o compromisso de internação do filho ainda hoje, pela manhã. A diretora de atendimento ambulatorial e internação, Carolina Garcia, disse que a internação de Andrey foi adiada por falta de enfermeiros, mas que o atendimento estaria sendo regularizado hoje.
Sobre a falta de UTI Pediátrica, Carolina disse que existe espaço para instalação, mas precisa da ajuda do governo do Estado com equipamentos. Projeto propondo parceria com esse objetivo, informa ela, foi encaminhado à Secretaria de Saúde do Estado(SES).

Jornal Diàrio de Cuiabà
ALECY ALVES
Da Reportagem

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